YASUR, o vulcão



“ - Oi, por favor, a gente está querendo voar até Tanna, mas eu queria saber qual a probabilidade de vermos o vulcão em atividade nessa época do ano.
- O vulcão entra em atividade todos os dias.
- Todos os dias? Como assim? O ano todo?
 - Sim.”
A atendente falava com a serenidade e a certeza de quem diz: “a fonte fica ligada no parque das 16 às 22h, todos os dias”. E nós mal podíamos acreditar. Tínhamos visto fotos do vulcão expelindo lava por todos os cantos de Port Vila, capital de Vanuatu, conjunto de ilhas perdido na Melanésia, ao norte da Nova Zelândia. Mas achávamos que a chance de presenciar aquele espetáculo era de 1 em 1 milhão.
Voamos no dia seguinte para Tanna, três horas num mini avião, mais quatro numa caminhonete por uma estrada prá lá de acidentada. Há alguns quilômetros de distância, de um platô, já podíamos ver a fumaça cinza-chumbo no topo do Yasur.
Ele é o segundo maior vulcão em atividade no mundo, e um dos mais acessíveis. Chega-se de carro e caminha-se apenas 5 minutos até o topo da cratera, para onde é permitido avançar contanto que a atividade do vulcão esteja no nível 1 (normal) ou 2 (moderada a alta). Tivemos a sorte de estar lá com o Yasur a nível 2 e presenciamos erupções magníficas, a ponto de termos vontade de refazer toda a via-sacra no final de tarde seguinte.
Nos dois dias de contemplação, sentimos o calor cada vez mais intenso da cratera, o cheiro cada vez mais forte, ficamos com o corpo e as roupas negros de fuligem. Na segunda visita, já estávamos lá há mais de uma hora quando um pedaço de rocha incandescente caiu a pouquíssimos metros de nós. Nos entreolhamos e, sem dizer palavra, entendemos que “já estava de bom tamanho”.
Voltamos à pousada sacolejando por mais quatro horas na estradinha esburacada, sentindo a felicidade plena que estas manifestações da natureza são capazes de produzir e que são a força motriz de viajantes inveterados pelo planeta.


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